Maratona de Berlim 2013

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segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Relato de prova: São Silvestre 2017!!

Na vida há experiências que são únicas e inesquecíveis. A São Silvestre de 2017 foi, na minha vida, um destes momentos.

As inscrições e o pré-pré-prova

Tudo começou quando a Karla, amiga nossa, nos convidou para correr essa prova com ela e o marido, o Vlander. Estávamos na arquibancada do Tijuca Tenis Clube, assistindo uma partida de futebol das crianças. Conseguimos uma passagem barata e resolvemos ir ali, na hora. Devia faltar uns 3 ou 4 meses para a prova.Outro amigo, o Duarte, também se interessou e formamos ali o grupo de 5 que iriam correr, além da Ana, esposa do Duarte que iria acompanhar.

A São Silvestre é um desses sonhos de criança, que me faz, assim como a muitas pessoas, lembrar de muita coisa legal. Sempre ficava esperando a hora da prova, para torcer pelos brasileiros. Heróis que não acompanhava ao longo do ano, mas que naquele dia 31 se tornavam meus ídolos.

Corta para 2008, quando comecei a correr. Teve um tempo bem legal no qual fiz muitas amizades com gente do brasil inteiro, e lia muito os relatos de quem corria a prova. Só que na época diziam que era uma prova emocionante, mas muito mal organizada. Para começar os pipocas atrapalhavam muito e, para piorar, a largada era muito mal organizada, uma verdadeira bagunça e, assim, só se conseguia correr de fato, se é que se conseguia, lá pelo quilômetro 2. A organizadora, Yescom, tinha uma fama muito ruim no meio, não só pelos fatos citados acima, como pela forma com que tratava as pessoas que tinham carinho pela prova e queriam melhorá-la. Desta forma, a prova nunca me atraiu.

Agora, no entanto, tantos anos depois, após um ano fraco em termos de corrida e, portanto, sem grandes pretensões de tempo, resolvi dar uma chance à prova. O incentivo dos amigos que estavam indo ajudou bastante também.

A preparação

Inscrições feitas, era o momento de começar a me preparar. Vinha treinando, mas, com os 6 kg a mais que havia ganho nestes dois últimos anos, a performance estava bem ruim e a coluna ainda reclamava. Isso tinha relação com o trabalho e o sono, que estava ruim. Como, no entanto, recentemente, consegui melhorar a forma de encarar o trabalho e, com isso, o sono melhorou, tive forças para iniciar uma dieta, faltando um mês para a prova. A meta era ambiciosa, de perder 5 kg neste mês. Então eu parei de comer doces e reduzi muito todas as demais formas de carboidratos, principalmente arroz e massas. Não consegui perder tudo, mas uma boa parte. No total passei de 72kg para 68,3kg, portanto uma perda de quase 4 kg, o que me deixou bastante feliz. Com isso, os incômodos na coluna pararam, e pude me dedicar melhor aos treinos.

Treinei em Goiania, Manaus e no Rio de Janeiro. Estava bastante lento, e, aos poucos, embora tenha ficado longe de meus melhores treinos, devo ter reduzido uns 30 segundos por quilômetro na reta final de treinos. Achei que dava para fazer uma boa prova.

O fim de semana da prova

Chegamos em São Paulo no dia 30 pela manhã e dali fomos buscar o kit, em um ginásio no Ibirapuera. Fila grande do lado de fora, mas que andava bem rápido, com 10 ou 15 minutos creio que já estivéssemos com os kits na mão. Fiquei bem impressionado com a feira, uma das melhores que já vi no país, embora o local fosse bem apertado, o que atrapalhou um pouco. Aproveitei para comprar gel, que esqueci de levar, e imã para prender o número de peito.

Depois fomos comer, peguei leve nesse almoço, e depois passear um pouco. Enquanto as mulheres foram fazer compras, os homens foram andar ali pela Paulista. Jantamos em um restaurante italiano, o Familia Mancini. Muito legal esse restaurante, decoração bem bacana, havia um conjunto tocando uma música suave, e comi um inhoque ao pesto que estava muito bom. Era a primeira vez que comia massa em um mês. A companhia era muito bacana, e o dia foi bem divertido.

O dia da prova

Acordei sem despertador, antes das 6h da manhã. Fui logo tomar meu café da manhã, quando comi ovos mexidos, banana e mais um carboidrato que nem lembro o que foi. Os ovos foram possíveis porque ainda faltava muito tempo para a largada.

O hotel era próximo, a uns 15 minutos a pé da largada, o que ajudou bastante. O isolamento da Paulista, permitindo apenas a entrada de quem estava com número de peito, e de acordo com o tempo informado na inscrição, funcionou muito bem. Depois, no entanto, já na Paulista, os diferentes pelotões de largada podiam se misturar, pois não havia qualquer fiscalização, o que fez com que muitos corredores lentos largassem lá na frente. Caiu uma chuva bem forte, cerca de 1 hora antes da largada, quando nos dirigíamos para lá, e comprei uma capa, daquelas transparentes. Devemos ter chegado no nosso local de largada uns 50 minutos antes da prova, ficamos embaixo de uma marquise, tiramos fotos com uns personagens, e bora largar!

A prova

A estratégia era dividir a prova em 3, como normalmente faço nas provas de meio fundo. O primeiro terço queria manter os batimentos em cerca de 145, no segundo iria a 150 e na terceira parte onde o coração aguentasse... consegui me ater mais ou menos a esse plano.

A chuva parou no momento do início da prova. A largada foi tumultuada, pois haviam muitos corredores lentos, alguns inclusive andando, já no início da prova. Ainda consegui correr bem logo depois da largada, passando próximo ao canteiro do meio da pista, mas logo na descida de um viaduto travou tudo, pois era um funil, com duas pistas da Paulista se tornando uma só. Ali tive que andar, pela única vez na prova. Passando este trecho consegui correr, ainda que devagar. Na descida da Natanael, fui para o meio das pistas e consegui desenvolver melhor, embora, com a chuva o asfalto tivesse bem escorregadio, e faltou um tênis com pneu biscoito kkk Segurei o ritmo para não cair.

A partir do quilômetro 2 ou 3 consegui desenvolver melhor, mas sempre tendo que fazer muitas ultrapassagens. A primeira metade da prova tem bastante descidas, então procurei desenvolver um ritmo bom, para que compensar o tempo que perdesse nas subidas do final. Com cerca de 35 minutos comi meu primeiro gel, com água, e repeti com cerca de 1h15. Funcionou bem.

Era muto legal correr ali, pois havia boa quantidade de torcida, mesmo com o tempo feio. O público era animado e ajudava os corredores. Foi a primeira prova no Brasil que vi muita gente na torcida que não parecia estar ali para apoiar algum parente, mas porque gostava de assistir a São Silvestre. Isso faz diferença.

Com o tempo de prova, senti que já corria próximo a quem estava em ritmo mais parecido com o meu, e as ultrapassagens se reduziam. Se voltar a correr essa prova, tentarei largar mais na frente, chegando bem cedo. Dessa vez não deu, até porque quis fazer tudo com o grupo.

A Brigadeiro e o final da prova

Então, com pouco menos de 13km, chegávamos na famosa Brigadeiro Luis Antonio. Os corredores gritavam bastante quando chegávamos ali, a torcida também, enfim um momento inesquecível. Finalmente, depois de tanto ouvir falar, e após 9 anos correndo, chegava finalmente no batismo de corredor no Brasil, a famosa subida da Brigadeiro, um trecho de 1,6km, com inclinação de 3 a 4%, realmente pesada. kkk

Consegui subir a ladeira com bom ritmo, melhor do que imaginava. As ultrapassagens se seguiam. Foi difícil, mas não chegou a ser um sofrimento. Logo chegava ao final da prova, ali na Paulista, outro momento inesquecível. Muita gente assistindo, muito legal mesmo. Completei em 1h34'. Claro que posso fazer algo bem melhor que isso mas, para o que esperava, ficou do tamanho dos meus sonhos :-)

Depois da chegada tentei esperar e encontrar os amigos, mas nos desencontramos, só nos vendo no hotel. Aí foi tempo de almoçar e rumar para o aeroporto, já todo mundo de medalha no peito. O grupo era animado e foi um dos pontos altos do fim de semana.

Conclusão

A São Silvestre ainda não é para performance. Para isso precisaria instituir as largadas por ondas com fiscalização de tempo e tempo entre a largada de um grupo e outro. No entanto, já é uma prova, do ponto de vista esportivo, em que é possível pensar em fazer um bom tempo, principalmente conseguindo largar mais na frente.

O percurso é seletivo e difícil para uma prova de 15k, se parecendo mais com uma meia-maratona. Gostei bastante disso.

O grande diferencial, no entanto, é tudo que a cerca. Os corredores fantasiados, o público, a subida da Brigadeiro, a Paulista. Enfim, tem tudo que a gente gosta... e eu, ali, fui muito feliz mais uma vez!