Peço desculpa a quem vinha lendo as partes anteriores. Aqui quebro a
sequência. É que me lembrei de coisas que aconteceram antes da prova, e
que queria deixar registradas. Também, quem disse que os pensamentos vem
de forma tão linear? às vezes eles gritam dentro da gente e pedem para
sair, assim, meio que sem uma sequência definida.
Preciso dizer que
tudo começou, na verdade, na quinta-feira anterior, três dias antes,
quando chegava a Berlim. Estava cheio de sonhos e planos. Por um lado
sentia aquela ansiedade natural de quando se espera algo grande. De
outro, tinha aquela vontade enorme de absorver toda aquela cultura,
aquela realidade que passava ali na minha frente. Uma cultura diferente abre uma nova dimensão na nossa
compreensão do ser humano. Já tinha ido à Alemanha quinze anos antes, de
mochila nas costas e sozinho, mas
agora o aprendizado seria outro, já que um rio não passa duas vezes no
mesmo lugar...
Voltando, entretanto, às nossas reflexões, para
absorver um pouco daquela cultura, precisava andar. E isso não combina
bem com uma maratona. Consegui, mesmo assim, e com apoio da esposa,
fazer um roteiro onde andei muito no 1o. dia, e fui reduzindo até a
véspera da prova. Algumas coisas que descobri nesses dias:
1) que ninguém precisa controlar quem pagou o bilhete do metrô nem cada trem precisa de um maquinista;
2) que a salsicha não pode ser tão ruim pra saúde nem provocar câncer;
3) que ainda que se dividam pessoas por um muro, ninguém separa seu espirito;
4) que lembrar o passado é uma boa forma de evitar que os erros se repitam.
Agora alguns pontos mais práticos:
1)
a feira da maratona é sensacional. Como me esqueci de levar um tênis
além do que iria correr, comprei bem barato um Saucony Kinvara 2, bem
como um
Garmin 610, pois estão para lançar o 620. Na prova, entretanto, optei
pelo velho 305, com o qual já havia me acostumado.
2) o clima estava
bastante frio, com temperatura na faixa dos 10C, embora com dias lindos.
Por isso, resolvi investir numa blusa térmica de manga comprida. Foi
ótimo, pois coloquei por baixo da que usaria na prova e, com isso,
mantive um conforto térmico durante toda a prova. Arrisquei, pois não
havia testado isso em treinos, mas deu certo. A temperatura esteve, para
mim, perfeita para correr.
3) é maravilhoso viver o clima pré-maratona de uma major. O hotel estava lotado de corredores;
4)
a turma leva casaco velho para a largada e vai abandonando. Achei
perigoso, pois vi muita gente tropeçando e quase indo ao chão com eles.
Acho que era isso. No próximo continuo com a 2a. metade da prova.
Blog de Sergio Melo, um aficcionado pelas corridas! Sou apenas um sujeito que gosta de treinar e correr provas, o que tenho feito ao longo dos últimos 8 anos com o mesmo interesse, dos 6 aos 42 km. Acho que toda distância tem seu desafio, desde que tenhamos nos esforçado para nos preparar adequadamente!
Não tem nada de mais completar uma maratona, olha: http://www.correrlisboa.com/blog/blog_details.php?id=25
ResponderExcluirIsso é um fato, embora o fato dos famosos a terem corrido não a desmereça em nada, em meu ver. Para mim, esportivamente, completar, como já fiz, uma meia maratona em 1 hora e 49 minutos é mais relevante que uma maratona em mais de 4 horas e meia. Aliás, não há nada de heróico nisso. Só que a vida não é feita só de fatos concretos nem só de concretos, mas sim de ideias e sonhos. Nesse ponto, sou mais a curva que a reta. Onde uns não vêem nada demais, outros vêem muito. Talvez aí esteja um dos mistérios da vida e uma das diferenças entre as pessoas. Há momentos em que 5 quilômetros são muito, há outros em que 42 não são nada. Para mim tiveram o tamanho (enorme) dos meus sonhos. No final do percurso (da vida, não da prova), isso é o que importa ;-) abraço.
ExcluirLegal, realmente é difícil seguir um raciocínio linear, mas não te preocupes, foi interessante e deu um suspense essa paradinha.
ResponderExcluirBoa semana
Beijo
Ju
Valeu, Ju. Desculpa se está um pouco aborrido, no final acabamos escrevendo, muitas vezes, mais para nós mesmos no futuro. De qualquer jeito, espero que algo lhe seja útil!
ExcluirBoa semana!
bjs
Sergio
Sérgio, faz muito tempo que não entrava em seu blog. Estive em outros projetos e uma lesão no joelho me afastou das corridas por 4 meses. Entrei no seu blog e li seu relato, aí voltei e li tudo sobre a preparação e achei tudo sensacional. Eu ACHO GRANDE COISA SIM completar uma maratona, seja ela em 4h30, 5h ou 7h. Não sei se um dia completarei e respeito muito àqueles que recebem a alcunha de MARATONISTAS. PArabéns pela sua vitória e compartilho essa felicidade toda. Abraços amigo.
ResponderExcluirGrande Matheus, tudo bem, rapaz? quanto tempo... lamento ler quanto a sua lesão, espero que já tenha melhorado. Bacana o que você escreveu! não é surpresa, quem tem a alma grande como você sabe enxergar as pequenas vitórias da vida. Eu vejo do mesmo modo. O que quis dizer no comentário acima foi que não vejo nada demais em completar uma maratona em si. Há gente inclusive que completou sua primeira sem qualquer treinamento específico. O que faz a conquista bacana é toda a preparação, o histórico que levou a ela, incluindo a participação da família, o sofrimento das lesões etc. Isso faz a pílula ficar dourada.
ExcluirGrande abraço amigo e muito obrigado pelas palavras, que tocaram fundo,
Sergio