Maratona de Berlim 2013

Maratona de Berlim 2013

segunda-feira, 18 de junho de 2012

o dia em que encontrei uma garrafa

Cláudio, eu e Enio. Foto gentilmente tirada e enviada pela Mayumi.
Sábado fiz uma corrida diferente no Ibirapuera, com os amigos Cládio Dundes e Enio. Encontrei uma garrafa vazia com uma rolha. Fui, então, colocando nela tudo que conseguia coletar pelo caminho, coisas que pudessem ser utilizadas nas horas certas, quando desse aquela desanimada por um motivo ou outro, que afinal a vida não é feita só de coisas boas.

Primeiro coloquei gentileza. Essa consegui coletar logo no início. Afinal, o que moveu Cláudio e Enio para se disporem a ir em um sábado às 7:00h para o Ibirapuera me acompanhar nesse treino? ainda mais quando me lembro que Cládio só poderia treinar por cerca de 6k e foi dormir tarde na véspera.



A seguir coloquei a minha impressão do cenário encontrado, que era perfeito. Afinal, começava a correr em uma trilha, com uma neblina fina, o sol subindo e tecendo raios entre as árvores. A imagem me lembrou a imagem que fazia do livro As Brumas de Avalon, que muito me marcou na adolescência. Nesse momento os amigos ainda não corriam comigo. Sentia, aos poucos, que entrava em comunhão com aquele lugar e com aquele momento único. A garrafa ia sendo preenchida.

Enio, na definição Miguel e que eu concordo plenamente, o que há de melhor no mundo Baleias, logo se juntou a mim. Aproveitei e coloquei um pouco da cultura nipônica dentro da garrafa. Sinto que ela irá me ajudar em muitos momentos. Conversamos bastante, favorecidos pelo ritmo do treino, que não era dos mais puxados.

No momento seguinte, Cláudio se juntou a nós e incluí a camaradagem na garrafa. Começamos a dar a volta do parque junto à cerca, que tem cerca de 6k. Era bom demais correr junto daqueles amigos. O papo fluía e eu adoçava a mistura da garrafa com gotas de sabedoria.



Então Cláudio parou e Enio deu mais uma volta comigo. As pernas não eram mais as mesmas. Incluí então na garrafa a persistência que tínhamos em nos manter correndo por ali. O amigo voltava de contusão e se esforçava para se manter ali.

Ao final do treino os amigos fizeram questão de me acompanhar até a passarela de saída do parque e coletei mais gentileza dos amigos. Até porque teriam que voltar todo o trajeto para buscar as bicicletas que havia deixado para trás.

Por fim coloquei o rótulo na garrafa. Não sei porque resolvi rotulá-la Felicidade. Na confusão, não sei como, acabei esquecendo-a na mochila de Cláudio. Peço, então, amigo que a traga novamente ao RJ para a Maratona. Afinal, cá ela me faz muita falta.



detalhes técnicos para que me lembre depois: foram 17,5k percorridos. Ao final, ao constatar que a água no hotel custava extorsivos R$7 a garrafa, acabei não me hidratando e sofri bastante com dor nas pernas ao fim da tarde, que se prolongou até a manhã seguinte. Fiz o que se recomenda. Dei um trote de 20 minutos no domingo pela manhã e a dor foi embora. Fiquei com a impressão que a falta de hidratação correta teve um efeito, pois o treino não foi tão puxado para ficar com aquela dor, que não foi nada agradável, pois sentia que teria um cãibra a qualquer momento.
Outro ponto é que a corrida foi apenas um ponto de um final de semana que foi absolutamente perfeito com vários amigos. Pena que os demais não corram (ainda)...
De fato houve uma garrafa de hidratação esquecida com o Cláudio, que só me lembrei no meio do post.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Sábado estou em Sampa

A viagem será corrida, mas consegui encaixar um treinozinho no ibirapuera no sábado de manhã, com meu amigo Cláudio Dundes. É véspera de Maratona de SP, mas se alguém mais quiser e puder se juntar a nós será muito bem vindo! a ideia será um longo de 17k preparatório para a Meia da Caixa do RJ. É só entrar em contato pelo email corredorfeliz@hotmail.com.

De resto, roteiro cultural e gastronômico com esposa e amigos, onde o ponto auto será assistirmos a peça Priscila, a Rainha do Deserto.

Opa, parem as máquinas. Acabo de ter a confirmação que além do grande Cláudio, o amigo Enio, conhecido como o que há de melhor no mundo Baleias, também estará presente! sensacional! aguardamos mais adesões!

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Foz do Iguaçu: não se pode banhar duas vezes no mesmo rio



Amigos, sigo firme e forte em direção aos desafios traçados para esse ano, depois de ter me livrado dos fantasmas que tanto me assombraram durante quase um ano.


Está tudo bom demais, me sinto ótimo e vou progredindo a cada dia sem sentir dores. Já completei agora 1 mês sem comer doces. Sei que já perdi algum peso, ainda que não muito. Está dentro do normal para a fase em que estou. Normalmente comigo funciona assim. O primeiro mês é difícil e acabo compensando um pouco a falta de doces com outros carboidratos. Depois as coisas se acomodam e consigo reduzí-los também, acelerando o processo de redução de gordura.


Semana passada tirei uma semaninha de férias com a família na fantástica Foz do Iguaçu, onde havia morado quando criança. Fiz dois treinos ali. O primeiro foi um intervalado, onde fui subindo a ladeira e voltei descendo. No domingo fiz meu longão pela mesma região, que descrevo abaixo:



A família dormia o sono dos justos. A esposa cansada, com congresso e família para cuidar. Os dois pequenos, nos seus sonhos infantis. Dormindo, dois anjos. Lindos. Perfeitos. Ainda que acordados sejam humanos, como todos nós.

Chovia. E eu naquela dúvida se ia pra rua ou tentava a esteira que não tem poesia. Escolhi a pílula vermelha e fui para a rua. Como não levei gel, consegui na véspera dois torrones e um gatorade, que seriam meus suplementos. Seria um longão com ladeiras, às quais já havia sido apresentado alguns dias antes.

Fazia uma temperatura gostosa para correr. Tudo deserto, em pleno domingo, àquele horário. Havia dormido bem, me sentia ótimo. É bom voltar para um local onde se foi feliz, 33 anos depois. Não me lembrava daquelas ruas. Aquela Foz da minha infância ficou na memória. Como diz o filósofo, um homem não se banha duas vezes no mesmo rio, pois muda-se o homem e muda-se o rio.

A saída do hotel é em descida. Bom para esquentar. Aos poucos, o corpo vai se acostumando ao esforço e às (muitas) ladeiras. Depois de uma curta descida, vem uma longa subida. Definitivamente gosto dela. É algo difícil de explicar. Sinto meu coração se acelerar e a vida pulsar no meu corpo. Melhor não forçar muito, que essa é a primeira de várias. Quando noto, a chuva já parou.

A cidade dorme com o barulhinho da água caindo "lá fora". Que bom seria se pudéssemos crescer embaixo de um edredon. Mas não, que a vida não está ali. Lembro-me da corrida da chuva, no Rio, algumas semanas antes. Aqui as sensações são outras, que o rio é outro, ainda que compartilhe as águas que se encontrarão todas no mesmo oceano. Eu também já sou outro, que nesse tempo já cruzei uma ponte e fui feliz por lá e além dela muitas outras águas passaram por debaixo da minha ponte. Sinto que a família e os amigos são meu oceano. E assim me vou...

Encontrei um lugar bacana para correr e vou para a segunda volta. Não me importo de repetir o trajeto. O rio já não é o mesmo. Agora já cruzo com alguém na sua caminhada. O local é bom para isso. Logo volta a chover e me pergunto se a pedestre teve perseverança de continuar na chuva. Há pessoas desmontando algo que parece ser um palco. A cidade vai despertando aos poucos. Meu corpo já está totalmente acostumado ao exercício, agora vai feliz deixando minha alma viajar e meus problemas serem levados e lavados pela chuva.

Terceira volta. Será a última? a cabeça diz que não, que, se está tão bom, não tem porque parar. As pernas, que são os motores da minha alma, começam, no entanto, a me dizer que a prudência tem que ser maior. Afora um treininho ou outro nas ladeiras de Minas, não estou tão acostumado à elas como minha amiga Elis. Hora do último torrone e do último gole do isotônico. Agora minhas mãos estão livres, eu estou livre! A vontade de dar uma volta a mais fica muito forte. Nesse momento me lembro dos meus meses parados, de tudo que passei, o correto a fazer é voltar. Volto. Na vida são necessários sacrifícios para um bem maior. Às vezes é preciso coragem para sair para treinar, em outras coragem para saber parar.


Foz do Iguaçu

Passado e presente
tinha seis anos, mas ainda me lembro
dos parentes que vinham nos visitar
da casa sempre cheia
dos carrinhos, dos quais uma vez tiramos todas as rodas
das plantações das crianças no canteiro
do céu bonito quando o sol se punha, nunca vi outro igual
do brinquedo que colocava atrás da porta e que "ria" quando alguém a abria
do meu pai e da minha mãe


Agora
das cataratas
do macuco e do passeio radical de lancha
do parque das aves, onde meus filhos acariciaram o tucano
e o mais velho teve uma cobra em seu pescoço
da usina, que meu pai ajudou a construir

da ponte da amizade que cruzamos a pé
da corrida na chuva e nas ladeiras
da minha mulher e dos meus filhos